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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

POR QUE PROCURAMOS PELO PERIGO PARA NOS SENTIRMOS VIVOS?

Assumir riscos que vão muito além do que poderia ser considerado aceitável na busca pelo prazer. Tudo isso em busca da reação química provocada pela adrenalina jorrando no corpo por alguns segundos gerando uma sensação de grande vitalidade, mesmo que a morte possa ter batido à porta alguns momentos antes. Esse tipo de comportamento tem se tornado cada vez mais comum na sociedade moderna. Os norte-americanos até criaram uma palavra para descrever as pessoas com essas características. São os risk-takers. Em uma tradução livre para o português, a expressão serve para descrever aqueles indivíduos que arriscam tudo, inclusive a vida, para tornar sua existência menos monótona.

Noção das consequências existe, mas danos são desconsiderados

As pessoas não desconsideram a existência de riscos quando assumem tal comportamento. Elas fazem isso de forma consciente e deliberada, mesmo sabendo das consequências. O fato é que não gastam muito tempo analisando os danos que suas atitudes podem causar e continuam realizando o que querem em busca da dose de adrenalina que lhes dá a sensação de prazer. A psiquiatria ainda não classificou esse tipo de comportamento como uma doença. Na realidade, sequer há um consenso de que se trata de uma patologia. Geralmente, a associação que se faz é com o BPD (sigla em inglês para Borderline Personality Disorder - transtorno de personalidade no limite das emoções). Pessoas que bebem e dirigem sem ter as mínimas condições de fazê-lo, apostadores compulsivos, quem faz sexo com estranhos sem usar preservativos, quem usa drogas de forma descontrolada e quem não hesita em brigar somente para não levar desaforo para casa pode ser incluído nesse grupo que assume qualquer risco, por maior que seja, na busca pelo prazer. Todavia, a busca pela adrenalina extra pode não estar apenas em situações condenáveis pela sociedade. Eventualmente, ela é disponibilizada em momentos socialmente corretos e relacionados ao fisico em esportes chamados radicais como pára-quedismo, vôo-livre, mergulho, corrida de carros, escalada, canoagem, entre outros. Não há total concordância de que tal comportamento possa ser considerado uma doença. Uma corrente da psiquiatria simplesmente considerada esse tipo de atitude como um comportamento isolado e, mesmo aceitando que se trata de uma personalidade perigosa, analisa que ela contribuiria para a evolução da espécie gerando descendentes mais corajosos.

BPD pode ser diagnosticado por vários sinais

Mesmo que o comportamento de risco por si só não possa ser considerado uma doença, ele certamente é um fator importante que pode e deve ser considerado em quadro mais amplo como sintoma do transtorno de personalidade no limite das emoções. O diagnóstico do BPD pode ser feito através da manifestação vários sinais. Eis alguns sintomas que podem indicar sua presença: 1) emoções muito intensas que surgem e desaparecem com frequência 2) episódios de depressão ou ansiedade extrema 3) comportamento de auto-flagelação, incluindo auto-mutilação 4) comportamento impulsivo e de risco, como direção perigosa, maratonas de jogos de azar, consumo de drogas ilícitas 5) expressões inadequadas de raiva que por vezes podem se transformar em confrontos físicos 6) dificuldade em controlar os impulsos 7) comer emocional, incluindo compulsão alimentar, anorexia, bulimia 8) comportamento suicida 9) medo de estar sozinho 10) sentido instável de identidade

Pessoa com comportamento de risco têm sentimentos dúbios

As pessoas que possuem um comportamento de risco geralmente não têm um sentimento claro a respeito de si mesmas. Muitas vezes se sentem inúteis ou fracassadas. Isso as leva a tentar se afastar dos outros com crises de humor. Seus relacionamentos tendem a ser turbulentos. Elas podem idealizar as demais pessoas e em seguida mudar completamente seu modo de agir por pequenos deslizes ou mal-entendidos.

Genética, ambiente e cérebro influenciariam na doença

Não se sabe exatamente a causa desse transtorno. A medicina aponta, a princípio, três fatores como possíveis motivadores da condição. A genética, questões ambientais e anormalidades cerebrais. Alguns estudos mostraram que os transtornos de personalidade em famílias com gêmeos podem ser herdados. Outras pesquisas exibiram que pessoas que sofreram abuso na infância também têm maior probabilidade a desenvolver uma personalidade no limite das emoções. Também houve pesquisas que relataram alterações em determinadas áreas do cérebro envolvidas na regulação da emoção, impulsividade e agressividade em indivíduos que sofrem dessa condição. O tratamento indicado envolve psicoterapia e eventualmente o uso de substâncias químicas como reguladores de humor. fonte:casa.hsw.uol.com.br/por-que-procuramos-pelo-perigo-para-nos-sentirmos-vivos

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