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segunda-feira, 15 de setembro de 2014
COMO SERIA REALMENTE UMA VIAGEM NO TEMPO?
Viajar no tempo sempre foi um exercício de imaginação, ao qual a humanidade tem se dedicado bastante, principalmente a partir do século 19, com autores de ficção científica como H. G. Wells e os criadores da trilogia “De Volta Para o Futuro”.
Mas a ideia de viajar para o passado começou a tomar uma forma mais séria com o desenvolvimento da Teoria da Relatividade e as geometrias usadas para descrever o espaço-tempo. As equações que permitem deduzir a curvatura de um dado universo a partir de sua forma e outras propriedades permitem uma miríade de universos hipotéticos, com as mais diversas propriedades, inclusive universos em que a viagem no tempo seria possível.
Em 1949, Kurt Gödel fez a primeira abordagem conhecida, e a mais simples, de um universo em que existe um caminho fechado no espaço que faz um caminho fechado no tempo também, chamado de “curvas fechadas de tipo tempo” (CTC, da sigla em inglês “closed time-like curve”).
As CTCs não são máquinas do tempo que podem te levar a uma data qualquer no passado. Entretanto, se você for seguindo uma destas curvas, você vai viajar para o futuro e então retornar ao ponto inicial, tanto no tempo quanto no espaço, onde a CTC começou. É quase como virar à esquerda e encontrar você mesmo na última semana.
E como os universos de Gödel se relacionam com o nosso? Se a gente imagina o espaço-tempo do nosso universo como um enorme lençol elástico que se curva em torno de objetos massivos, o universo de Gödel consiste em um cilindro feito de poeira homogênea, e de largura infinita, girante. E, enquanto o nosso universo está em expansão, o de Gödel é estático.
Uma equipe liderada pelo físico Wolfgang Schieich, na Universidade de Ulm, Alemanha, construiu um modelo usando computação gráfica para visualizar como seria um destes estranhos universos de Gödel.
O modelo usado foi o traçado de raios: uma linha liga cada ponto de uma câmera virtual aos objetos 3D no espaço, e assim são desenhados os objetos.
Só que, em um universo de Gödel, a linha, que representa os raios de luz, forma espirais, tornando possível ver, por exemplo, os dois lados de um planeta – o lado que está de frente para o observador, e o outro lado. Também dá para ver o planeta em todos os momentos de sua órbita, ao mesmo tempo.
Em outro teste, uma coluna com bolas é movida no universo de Gödel, e o que o observador vê é uma série de círculos concêntricos, vendo todas as bolas e toda a superfície delas ao mesmo tempo. Observar o planeta em órbita é ver muitas imagens do mesmo planeta, chegando em diferentes momentos.
Não é exatamente como a série “De Volta para o Futuro”, mas apresenta uma visão única das teorias de Einstein – uma que as equações não conseguem fornecer. Além disso, pode ser uma ferramenta para entender o que acontece no nosso universo, e o que vemos nos telescópios.
Além disso, o universo de Gödel deve ser uma ferramenta para obter alguns insights sobre a causalidade, já que no universo de Gödel, ela falha.
Veja no vídeo acima a simulação do bizarro universo de Gödel, onde andar para a frente é caminhar no tempo também, e quando você olha, você vê presente, passado e futuro, o tempo todo.
FONTE: NewScientist.com/article/dn23114-first-real-timetravel-movies-are-loopers.html
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