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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

AS MULHERES QUE COMPARTILHAM FOTOS SEXY EM REDES SOCIAIS SÃO PERCEBIDAS COMO INCOMPETENTES

A Rede está repleta de selfies de mulheres que pretendem demonstrar sensualidade. A maioria delas se reduz a uma série de poses padronizadas que vão modificando com o tempo, em função das novas modas. Por exemplo, há um tempo eram muito frequentes os bicos de pato. Agora abundam as caretas de ligeira surpresa, como se estivessem sendo pegas em flagrante fazendo uma travessura, o que, ademais, faz com que aparentem um pouco com a típica Lolita. A verdade é que o elenco de caras e bocas não foge muito de padrões estabelecidos e que prezam pela falta de criatividade, como as perspectivas impossíveis, os planos para evitar a papada e incrementar o efeito das curvas do corpo. Os olhos levemente fechados em suspeição ou abertos inocentemente. E assim por diante com uma centena a mais de poses.
A última intenção desta classe de fotos é sensualizar. No entanto, segundo um estudo realizado pela psicóloga Elizabeth Daniels e seus colegas da Universidade do Colorado (EUA), que foi publicado esta semana na Psychology of Popular Média Culture, as fotografias sexy podem ter um efeito contrário ao esperado: que a mulher pareça menos sexy, e ademais que pareça menos competente em geral. Para realizar o estudo, criaram dois perfis falsos no Facebook de uma garota chamada Amanda Johnson -em realidade uma jovem que aceitou que sua fotografia fosse usada no estudo-, que foi vinculada com garotas do mesmo grupo de idade e que gostava de Lady Gaga e Crepúsculo, entre outras tendências de adolescentes. Ambos perfis continham a mesma informação, com apenas uma diferença: a foto. Em um perfil, Amanda, maquiada, se mostrava com um vestido vermelho decotado com uma abertura na perna, deixando a mostra parte da cinta-liga e um farto decote. No outro perfil ela, de cara limpa, usava uma camiseta de manga curta e calça jeans. Os psicólogos pesquisaram um total de 118 garotas, 58 das quais tinham entre 13 e 18 anos, e 60 delas, entre 17 e 25 anos, e já não cursavam o segundo graus. Cada participante viu um dos dois perfis de Facebook e, a seguir, questionaram sobre uma série de situações a respeito da aparência de Amanda, como "Acho que ela é bonita", bem como a opinião a respeito de sua atratividade social ("Acho que ela poderia ser minha amiga") e sua competência ("Acho que ela poderia fazer um trabalho bem feito"). As respostas foram outorgadas em uma escala de 1 a 7, onde 1 indicava uma forte divergência e 7 indicava um concordância entusiasta. Em todas as três áreas, o perfil "não-sexy" se saiu bem melhor que o perfil "sexy". Ou seja, a Amanda de camiseta e jeans foi considerada mais bonita, mais amável e muito mais qualificada para completar uma determinada tarefa. Elizabeth encontrou a maior disparidade entre as fotos na categoria de competência de tarefas:-"A capacidade de uma mulher jovem realmente pode ser afetada por causa de uma foto sexy.", disse.
Elizabeth Daniels acredita que o estudo levanta questões importantes sobre a forma como percebemos as mulheres, como porque nos concentramos tão fortemente na aparência das meninas e o que isso pode nos dizer sobre sexo. Mas a maior dica, de acordo com os pesquisadores, é que as mulheres devem ter cuidado como elas se retratam on-line. Seu conselho para meninas e mulheres jovens:-"Não se concentre tanto na aparência. Concentre-se em quem você é como pessoa e o que você faz no mundo." Ela também acrescenta que postar fotos participando em passatempos favoritos ou esportes e mostrando sua identidade é a melhor maneira de ser sexy.
Isso parece muito bom e correto e, na maioria dos casos, o conselho é válido. Mas Elizabeth parece ignorar o fato de que, para algumas mulheres, a sensualidade é uma característica definidora de sua identidade, e elas não aceitam abrir mão disso, mesmo que sejam rejeitadas por suas iguais (exemplo: periguetes). Sugerir que as mulheres jovens estejam em conformidade com esta suposição equivocada de que sua sexualidade está de alguma forma ligada a sua competência não diz muita coisa para as mesmas. As adolescentes estão simplesmente respondendo a uma cultura que se concentra principalmente em sua aparência física. A questão está menos relacionada com a forma como respondem e mais com as próprias expectativas. Claro, posar para uma foto usando um vestidinho conservador em vez de um biquíni é uma maneira de subverter as expectativas sociais de como as mulheres devem retratar-se, mas não diz nada sobre a dicotomia virgem/prostituta. Por isso o mais importante é que as adolescentes e jovens considerem como querem ser vistas on-line, de preferência que seja uma representação exata da vida real. Sexy ou não. Ademais, cabe recordar que esta avaliação ocorre só com outras garotas, com semelhantes do gênero feminino. Os homens pensarão o mesmo com respeito a uma foto sexy? FONTES:huffingtonpost.com/2014/07/17/sexy-social-media-photos-women-competent_n_5592242.html

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