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terça-feira, 30 de outubro de 2012

TIPOS DE TOXINAS

Os produtos tóxicos são classificados pelo tipo de malefício que provocam. Dividem-se em venenos sistêmicos, mutagênicos, carcinogênicos, teratogênicos ou toxinas comportamentais. As divisões compreendem apenas produtos danosos após entrarem no organismo e serem distribuídos pelo sistema circulatório. Essa classificação não inclui alguns produtos químicos altamente reativos, como ácidos e bases fortes, causadores de danos tão logo entram em contato com a pele ou olhos, por exemplo. Também exclui compostos capazes de provocar respostas alérgicas em determinados indivíduos. Alergia não é normalmente causada pela ação tóxica do produto. Um indivíduo sensível terá a reação alérgica como conseqüência de exposição a quantidades muito pequenas de determinado produto e a manifestação será típica desse indivíduo. Há, entretanto, produtos químicos denominados sensibilizantes porque produzem reações alérgicas em expressivo número de pessoas, a exemplo dos isocianatos usados para fabricação de poliuretana (1). Nesses casos, essa capacidade é levada em conta quando se estabelecem os limites máximos permitidos para exposição. Tabela 1: classificação das toxinas TIPO DE TOXINA/DEFINIÇÃO VENENOS SISTÊMICOS:interferem nos processos celulares, fazendo com que as células alterem suas funções ou morram, afetando os órgãos a que elas pertencem. TOXINAS QUE AFETAM O DNA MUTAGÊNICAS:interferem nos processos celulares, fazendo com que as células alterem suas funções ou morram, afetando os órgãos a que elas pertencem CARCINOGÊNICAS: podem causar danos ao DNA. TOXINAS QUE AFETAM O SISTEMA REPRODUTIVO TERATOGÊNICOS:aumentam a probabilidade da ocorrência de câncer; em geral são também mutagênicos ALTERADORES DE FERTILIDADE:causam anormalidades nos embriões. TOXINAS QUE AFETAM O SISTEMA NERVOSO:afetam as células do sistema reprodutivo sem produzir danos nas células cerebrais, interferem nos neurotransmissores, provocando alterações de comportamento, como perda de memória, irritação, sonolência etc. Os venenos sistêmicos são os mais facilmente reconhecidos. O envenenamento por esses produtos resulta em dano geral às células de um determinado órgão, seu “alvo”. Os sintomas aparecem como resultado do mau funcionamento desse órgão, embora geralmente células de outros órgãos também sejam afetadas. O “alvo” de cada veneno determina a sua denominação. Por exemplo, as toxinas que agem no fígado são chamadas hepatotoxinas, danos no sistema nervoso são produzidos por neurotoxinas e assim por diante. Conhecido o órgão “alvo”, seu monitoramento se torna possível por meio de exames médicos. A tabela 1 detalha a classificação das toxinas. Dos outros tipos de toxinas pode-se dizer que têm mecanismo de ação ainda mais complexo, dificultando sua caracterização, como ocorre, por exemplo, com os produtos mutagênicos e carcinogênicos. O estabelecimento da relação entre câncer e produtos químicos data do século XIX, devido às observações feitas pelo médico inglês sir Percival Potts, que notou a ocorrência de grande quantidade de casos de câncer de próstata entre os limpadores de chaminé. Suspeitando haver algo responsável pelos tumores na fuligem com a qual aqueles homens tinham intenso contato, propôs que se banhassem depois do trabalho. O subseqüente sucesso de sua sugestão estabeleceu o começo do presente entendimento da atividade carcinogênica de vários produtos químicos. Da mesma forma, somente quando os trabalhadores da sala de embalagem de uma fábrica de agrotóxicos na Califórnia perceberam ter em comum problemas de fertilidade é que foi descoberta a capacidade do dibromocloropropano de inibir a produção de espermatozóides. Classificam-se hoje tais compostos como alteradores de fertilidade. Outro exemplo trágico permite ilustrar a diferença do mecanismo de ação das toxinas mutagênicas e teratogênicas nos embriões: no caso destes, o perigo existe quando uma gestante é a eles exposta no momento em que algum órgão do embrião está se formando, podendo interferir no seu desenvolvimento. Exposição dos pais, homem ou mulher, a um produto teratogênico antes da concepção não tem maior significado. Mutagênicos, ao contrário, podem causar deficiências de nascença alterando o DNA do óvulo ou do espermatozóide antes da fertilização. Preocupações com produtos teratogênicos também são recentes. Datam de 1960, quando a droga talidomida foi largamente prescrita a mulheres grávidas na Europa e no Japão. Teratogênico potente, o efeito freqüentemente causado por este composto é a má formação de braços e pernas ou muitas vezes a completa ausência desses membros. Quando a dose do produto tóxico é suficientemente alta de modo a danificar imediatamente o órgão “alvo”, impedindo seu correto funcionamento, o indivíduo exposto morre. Esse nível de exposição é chamado dose letal aguda e é a medida fundamental para determinar a toxicidade de uma substância. São dados que podem ser obtidos na literatura especializada para os mais variados produtos químicos. Devido a diferenças constitutivas, a dose letal mínima pode variar de um indivíduo para outro. Os valores publicados são baseados em dados estatísticos obtidos em vários estudos. De forma geral, pode-se dizer que o estabelecimento dos parâmetros toxicológicos é muito difícil. Por exemplo, avaliações do potencial teratogênico tem de ser feitas usando cobaias em processo de gestação. As cobaias normalmente usadas, em geral pequenos roedores, são muito diferentes dos humanos nos aspectos reprodutivos. Assim, a extrapolação dos resultados de testes em animais para humanos é um dos grandes problemas dessas determinações. A referência 1 exemplifica de forma interessante a dificuldade: aspirina é potente teratogênico para pequenos roedores, enquanto a talidomida não é. Como já citado, efeitos exatamente opostos são observados nos seres humanos. O problema da extrapolação, aliado aos movimentos de proteção aos animais, estão levando ao estabelecimento de alternativas que incluem a realização de testes “in vitro”. Por exemplo, quando se procura determinar os efeitos de um produto químico em determinado tecido, podem ser usadas células deste mantidas em meio adequado. Testes iniciais de mutagenicidade são feitos rapidamente e de forma mais econômica, usando linhagens especiais de bactérias. Entretanto, na determinação da toxicidade sistêmica o uso de animais ainda é necessário. Nesses casos, a diferença de tamanho entre humanos e roedores é outro grande problema, ou seja, a constatação de que 1 mg de um determinado composto apresenta efeitos tóxicos em uma cobaia, não significa que o mesmo 1 mg causará efeito idêntico em um homem. Por isso, normalmente os dados toxicológicos são expressos em mg de composto por kg de peso corpóreo. Assim, 1 mg para uma cobaia de 250 g significa uma dose tóxica de 4 mg/kg. Em um homem com 70 kg de peso corpóreo, 280 mg serão necessárias para produção da mesma resposta tóxica. Obviamente, devido às já citadas diferenças entre cobaias e homens este não é um valor exato, mas constitui uma aproximação bastante útil. Para determinação da toxicidade dos produtos por inalação, nenhum ajuste de tamanho é necessário. Assume-se que cobaias e humanos respiram a quantidade de ar proporcional ao seu tamanho. A toxicidade por via respiratória é a de maior relevância na definição dos limites de exposição aceitáveis para os trabalhadores das indústrias químicas. Como já citado, no estabelecimento desses padrões, há que se considerar o tempo de exposição. Como se trata de exposição no ambiente de trabalho, as normas internacionais, em geral, consideram-na de 8 horas diárias ou 40 horas semanais. Na legislação brasileira o tempo de exposição semanal adotado é de 48 horas semanais. A expressão dos dados toxicológicos envolve o uso de terminologia específica, detalhada a seguir. A primeira diferença importante está exatamente relacionada ao tempo de exposição. No caso da determinação da toxicidade aguda, estuda-se o efeito de uma única dose, em concentração maior. Por outro lado, a determinação da toxicidade crônica, envolve a administração de pequenas quantidades diárias, por um determinado período de tempo, em geral meses. A toxicidade crônica é, obviamente, a de maior importância quando se trata da saúde ocupacional. Em geral, o primeiro parâmetro medido quando se estabelece a toxicidade de um produto é a dose letal aguda. A metodologia estabelecida para determinação envolve os já mencionados problemas de extrapolação de dados, variações individuais etc. Por isso normalmente se adota como dose letal aquela capaz de causar a morte de 50% da população de cobaias usadas. Esse dado é expresso como LD50, advindo da sigla do termo inglês letal dose. Dessa forma, enquanto a LD50 oral de glicerol para ratos, em mg/kg, é 25,2 (1), no caso da dioxina, mais tóxica, essa dose cai para 0,022 (6). A dioxina também é, segundo a literatura especializada, carcinogênica e potente teratogênica (6). Também é encontrada na literatura toxicológica a denotação LDLO. Significa a menor dose necessária para matar um animal, ou lowest lethal dose. A especificação da toxicologia dos produtos cujo contato é feito por inalação é feita em termos da concentração no ar, em geral em ppm ou mg/m3. A dose letal por sua vez é designada LC50, ou lethal concentration, equivalendo àquela capaz de matar 50 % da população exposta. A tabela 2 ilustra os vários graus de toxicidade aguda por inalação e ingestão. FONTE:http://www.quimica.com.br/revista/qd384/higiene2.htm

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