Anna Sumner é uma americana que descobriu que tinha a doença aos 30 anos, depois de conviver com a condição desde o ensino médio. Os médicos a diagnosticaram com “sonolência excessiva”, um termo genérico para sonolência inexplicada que não é narcolepsia (condição de que geralmente vem com fraqueza muscular súbita e um rápido início do sono REM). Os médicos lhe prescreveram um punhado de estimulantes: altas doses de Ritalin, Provigil e anfetaminas, e os medicamentos melhoraram sua vida cotidiana. No entanto, Anna sempre se sentiu artificial e, pior ainda, os medicamentos gradualmente pararam de funcionar.Por conta disso, David Rye, pesquisador do sono da Universidade de Emory (EUA), e sua equipe resolveram analisar se químicos no cérebro podiam causar hipersonia. Como o fluido espinhal fornece uma “amostra” dos produtos químicos que flutuam em torno do cérebro das pessoas, a equipe estudou o fluido espinhal de 32 pacientes com a doença (entre eles, Anna Sumner) e 16 indivíduos saudáveis. Quando os pesquisadores colocaram o fluido espinhal em uma placa de Petri com células humanas, nada aconteceu. Então, eles adicionaram uma substância química chamada ácido gama-aminobutírico (GABA), um neurotransmissor que atua como um “interruptor”, ajudando a “desligar” o cérebro e diminuir nossa consciência para que possamos dormir. O fluido espinal das pessoas com hipersonia ampliaram os efeitos do GABA, fazendo-o se ligar muito mais frequentemente com as células humanas. Em vista desse resultado, os cientistas sugeriram então que os pacientes sonolentos estavam produzindo uma substância química no cérebro que os estava mantendo praticamente “sedados” durante todo o tempo. “Essencialmente, é como se essas pessoas ultrassonolentas andassem legalmente bêbadas durante todo o dia”, disse Rye. Finalmente, os pesquisadores adicionaram uma droga chamada flumenazil, usada normalmente para tratar pessoas que têm overdose de sedativos como Valium, para reverter os efeitos vistos nas placas de Petri das pessoas com hipersonia. Funcionou. Em seguida, eles pediram para os pacientes reais fazerem um teste de alerta. Depois, deram flumenazil a eles e repetiram o teste. Da segunda vez, os pacientes se saíram muito melhor no exame, quase tão bem quanto os indivíduos saudáveis. Anna Sumner, uma das pacientes do estudo, disse que o flumenazil mudou sua vida, pois o contato com a droga a fez se sentir “verdadeiramente acordada” pela primeira vez em muito tempo. Apesar de um remédio não estar ainda disponível comercialmente, ela lutou com empresas farmacêuticas e com a Administração de Drogas e Alimentos americana para ter permissão para tomá-lo, e disse que sua vida tem sido maravilhosa desde então, “sem cochilos ou sonolência extrema, e sem efeitos colaterais”. NOVO TRATAMENTO A conclusão da pesquisa indica que a droga pode ser um tratamento eficaz para pessoas com hipersonia, mas outros estudos precisam confirmar esses resultados e provar que o remédio realmente faria os pacientes dormirem menos à noite. Atualmente, flumenazil só é usado para tratar overdoses (sobredosagens) de drogas, ou para fazer pacientes inconscientes despertarem da anestesia. Sendo assim, outro problema a ser resolvido é a produção do medicamento, hoje disponível apenas de maneira intravenosa e em pouca quantia. Se sua eficácia for comprovada, porém, a produção da droga deve aumentar antes dela ser amplamente utilizada. FLUMENAZIL Nos final dos anos 1980, algumas pessoas da vila de Lucca, na Itália, simplesmente caíram num sono profundo em um estado de quase coma por horas. A condição, conhecida como estupor recorrente, se assemelhava a uma overdose de algum benzodiazepínico, como Valium. Os dormentes juraram que não tinham tomado qualquer droga, e exames de sangue o apoiaram. Pesquisadores da Universidade de Bolonha trataram essas pessoas com flumazenil, já que o medicamento bloqueia a atividade de benzodiazepínicos no cérebro, prontamente acordando algumas delas. Em vista desse conjunto de dados, os cientistas propuseram que tais pacientes tinham fabricado naturalmente uma substância benzodiazepínica em seu cérebro. Eles chamaram essa substância misteriosa de “endozepine” (abreviação de benzodiazepínicos endógenos). Em 1998, publicaram um artigo alegando que este produto químico causou o fato estranho visto na vila italiana. Outros pesquisadores, no entanto, não estavam convencidos, e eventualmente descobriram que os dormentes tinham na verdade ingerido benzodiazepínicos, talvez sem saber. Por conta disso, a teoria dos cientistas da Universidade de Bolonha foi considerada infundada. Desde então, especialistas e pesquisadores passaram a ter cuidado antes de dizer que o flumazenil tinha efeitos positivos sobre pessoas com sonolência excessiva. A equipe de Rye, no entanto, achou que era hora de realmente testar a velha ideia. Sua pesquisa leva a crer que as pessoas com ultrassonolência contêm um nível elevado de uma substância ainda não conhecida que, como as benzodiazepinas, ativa o mensageiro químico GABA. Mais pesquisas podem ser capazes de apontar exatamente qual substância química é essa. FONTES:LiveScience.com/24984-hypersomnia-sleepiness-treatment.html // lastwordonnothing.com/2012/11/22/re-awakenings/
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segunda-feira, 25 de agosto de 2014
HIPERSONIA: PESSOAS QUE VIVEM COM SONO
Se você já acorda com sono, saiba que algo pode estar realmente errado com você. Embora a maioria das pessoas só sinta sono porque foi para uma festa um dia antes de ter que trabalhar ou estudar, uma porção delas tem uma doença rara conhecida como hipersonia.
Os sofredores dessa condição médica são eternamente sonolentos e dormem entre 12 e 15 horas por dia. Ao contrário dos demais, eles nunca se sentem descansados; sempre precisam dormir mais. E, diferente de outros problemas de sono causados por noites mal dormidas, dormir durante o dia não diminui sua sonolência.
Já deu para perceber como a hipersonia pode influenciar negativamente a vida das pessoas, seja social ou profissional. Muitos demoram a perceber que há algo fora do lugar; simplesmente acham que é normal serem tão sonolentos. Bom, não é. E, enquanto ainda não há cura para a condição, um novo estudo pode proporcionar alívio para essas pessoas que dormem constantemente e se sentem exaustas apesar de tomarem cafeína e outros estimulantes.
A PESQUISA
A maioria das pessoas chega a um diagnóstico de hipersonia depois de outras condições, como problemas de depressão, apneia do sono, ou da tiroide serem descartadas.
Não se sabe exatamente quantas pessoas têm a condição, mas estimativas mostram que aproximadamente 1 em 800 sofrem de hipersonia. Os médicos frequentemente prescrevem a esses pacientes estimulantes como Ritalin ou Adderall, mas eles não costumam funcionar.
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