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domingo, 5 de abril de 2009

Paisagem do Ártico muda a passos largos

Uxbridge, Canadá, 09/09/2008 - As temperaturas cada vez mais elevadascausaram o colapso de várias enormes plataformas de gelo no Árticocanadense nas últimas semanas. Uma plataforma congelada de 50quilômetros quadrados na costa setentrional da canadense ilhaEllesmere simplesmente "desapareceu" em três dias, deixando descobertauma costa submersa sob gelo durante pelo menos quatro mil anos. Aperda do grosso manto de gelo que cobre o mar Ártico foi este anomuito maior do que a superfície somada dos enormes Estadosnorte-americanos do Alasca e Texas somados.Mas, "institivamente sinto que a redução do gelo do mar não irásuperar o registro do ano passado", disse à IPS Walter Meier, doCentro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo da Universidade doColorado, nos EUA. Espera-se que este ano a redução da cobertura degelo do mar atinja seu máximo nos próximos dias. A de 2008 "já é asegunda maior perda de gelo de verão de que se tem registro" depois dade 2007, "embora o clima não esteja tão quente como no ano passado",acrescentou Meier. Mas, o que está acontecendo significa que vai seacelerar a perda de gelos na tendência de longo prazo, disse oespecialista.Agora é "inevitável" um verão com Ártico sem gelo, e está a menos deduas décadas de distância, previu Meier. Isso não significa quedesaparecerá todo o gelo. Pelo contrário, o mar Ártico será comocristal feito em pedaços sobre um solo coberto por incontáveisicebergs e pedaços de gelo flutuante à espera de navios ou plataformaspetroleiras com que se chocar. "Após o colapso final do gelopermanente, a navegação será muito mais perigosa, devido às grandesquantidades de pedaços de gelo que estarão flutuando", disse Meier.Alguns desses pedaços de gelo serão ilhas geladas de 50 quilômetrosquadrados e uma altura equivalente a 10 andares, como os que sedesprenderam das plataformas geladas da ilha Ellesmere neste verão,disse Luke Copland, especialista da Universidade de Ottawa. A costanorte dessa ilha é o "congelador profundo" do Ártico, onde todo ano hámassas de grosso gelo permanente. Em 2008, e provavelmente pelaprimeira vez em milênios, houve enormes áreas de água a céu aberto,disse Copland à IPS. "Ficamos realmente surpresos com a rapidez comque se desprenderam algumas das plataformas geladas", afirmou.Fotografias feitas por satélites no dia 7 de agosto mostravamclaramente a imagem habitual da plataforma gelada de Markham, de 50quilômetros quadrados de superfície e entre 30 e 50 metros deespessura, encerrada em um fiorde profundo na costa de Ellesmere, comoocorreu durante milhares de anos. As nuvens cobriram a região, até queo céu clareou no dia 11 de agosto e, então, a plataforma de Markhamhavia desaparecido. "Como pode um fiorde inteiro congelado ficar semgelo em questão de dias? Não podia acreditar que simplesmente sumira",recordou Copland.No total, cinco plataformas geladas na ilha Ellesmere perderam esteano 23% de seu gelo (214 quilômetros quadrados) durante o breve verãodo Ártico. "A redução na plataforma de gelo é muito maior do quenossas piores estimativas" , afirmou Copland. O fenômeno ilustraclaramente as enormes e aceleradas mudanças que ocorrem no Ártico. "Mesurpreenderia se daqui a 10 anos restar alguma plataforma gelada",acrescentou. As temperadoras de inverno mais altas estão guiando essadiminuição. Agora, a temperatura média no inverno é cinco graus maiselevada do que há 40 anos, ressaltou.Agora, inclusive onde o gelo do Ártico brilha em sua maior parteintacto, esta grossa camada está deteriorada em sua superfície, e temmuito mais probabilidade de rachar e se quebrar. "Pode parecer queestá bem, mas não está", explicou Copland. Hoje, 214 quilômetrosquadrados de plataformas geladas perdidas flutuam livremente comoilhas de gelo pelo mar Ártico. Com estas já estavam na água antes dese desprenderem, não contribuirão com o aumento do nível do mar. Estasplataformas constituem um potencial perigo para as embarcações, mas oque mais preocupa o especialista é a perda de ecossistemas únicos.Muitas das plataformas geladas tinham lagos de água doce sobre elas. Enestas águas muito frias, formas únicas de vida microbianasobreviveram tanto a temperaturas como a radiação ultravioletaextremas, própria de uma paisagem branca 24 horas por dia sob um solde verão. "Estas são formas incomuns de vida que não podem serencontradas em outra parte", afirmou Copland. Até este ano, além dogrande segmento desprendido da plataforma gelada de Ayles em 2005, nãohavia nenhuma evidência de mudanças nas camadas de gelo do Ártico.Este ano parece que se cruzou um umbral, porque as restantesplataformas geladas estão cobertas por rachaduras ziguezagueantes,disse Copland. "As coisas estão mudando realmente de maneira rápida no Ártico".

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